quinta-feira, 23 de julho de 2009

Fernanda Porto


Música Eletrônica Brasileira.
Poucos se arriscam. Poucos se dão bem.
Apesar de muitos artistas no Brasil declararem afinidades e interesse por esse assunto, esse estilo é pouco explorado por aqui.
No mundo todo grandes artistas do pop ao lançarem um álbum de carreira trazem junto consigo remixes para serem utilizados pelos DJ’s em suas pistas de dança. A música de trabalho sai sempre num um cd-single trazendo a versão original e outras em diversos estilos. Por aqui sempre existiu um forte preconceito.
Em 2002 Fernanda Porto acendeu a luz no fim do túnel: seu primeiro álbum saía era descaradamente eletrônico. Os arranjos eram todos dela, quase todas as canções de sua própria autoria.
“Fernanda wants to be a superwoman” foi o pensamento de todos naquela ocasião. E ela tinha força para isso: sabia compor, tocava vários instrumentos, em uma polivalência consistente.
Não era uma menina jogada aos leões do mercado musical: sua batalha já vinha de muito tempo quando foi considerada uma das promessas dos anos 90 junto com Cássia Eller e Zélia Duncan. E até a chegada do grande momento ela fez de tudo um pouco: experimentou trilhas para cinema, fez shows onde misturava o pop brasileiro com a dita MPB clássica e foi até Londres onde percebeu a efervescência dos DJ’s e principalmente a chegada do drum’n’bass ao mundo, uma mistura poderosa de elementos do jazz com a quase cadência do samba.
Foi amor à primeira vista. Junto com o DJ Patife (ainda como ela um ilustre desconhecido no Brasil) começou a trabalhar com música eletrônica. E não parou mais. Seu primeiro álbum hoje parece até uma coletânea de sucessos, quase todas as faixas tocaram no rádio e Fernanda atravessou o país e o mundo com seu novo som. E como tudo no Brasil que é consumido na base da histeria e do exagero, o drum’n’bass também dançou.
E agora Fernanda ? Sem medo ela voltou ao ponto inicial e lançou seu segundo álbum bem mais acústico e cheio de baladas pop onde o ritmo eletrônico aparecia pouco mas com a benção de Chico Buarque na versão poderosa e eletrônica do clássico “Roda Viva”.
Depois era hora de revisar sua pequena mas já importante história: lançou um álbum ao vivo onde olhou para seu passado e visitou os novos daquele momento como Marcelo Camelo.
Agora Fernanda Porto está de volta ao estilo que a consagrou: sem medo de ser feliz e sabendo-se já capaz de ensinar a quem interessar possa o que é a nossa música brasileira eletrônica, Fernanda lança este “Auto-Retrato” onde volta a centralizar o comando em suas próprias mãos, tomando conta de tudo e bem de perto.Uma mistura poderosa de vários estilos eletrônicos : NuJazz, BreakBeat, DownTempo, Progressive House e claro o estilo que a consagrou o Drum’n’bass.
Fernanda não é mais musa do drum’n’bass. Esse tempo já passou. Fernanda é musa de qualquer estilo eletrônico. E são muitos. No Brasil nem tantos mas se existem esse mundo é seu. De Fernanda Porto.
Zé Pedro

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